quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Encanto pelo Futuro

Um fato notável tem acontecido neste início de século.

Estamos vivendo uma época de nostalgia de um passado que parece muito mais promissor do que o futuro.

A minha tese é que o 11 de setembro e o medo das conseqüências do aquecimento global mataram o futuro.

Lembro da minha infância e adolescência em frente à TV, fascinado com as aventuras futurísticas de Starwars e de 2001, Uma Odisséia no Espaço, imaginando um futuro de carros voadores, naves cruzando as galáxias e a monotonia dos trajes prateados.

2001, já passou...

2010, está chegando...

Lamentavelmente, ainda não temos naves cruzando o espaço: temos um mundo ainda chocado como a capacidade destrutiva humana, revelada na queda das Torres Gêmeas e assombrado com a perspectiva cada vez mais palpável de uma mudança climática irreversível.

Antes, tinha sonhos com o futuro.

Hoje, preocupo-me com ele....

Mas não cesso de SONHAR!

Muitos dos meus leitores elogiam a minha capacidade de antever o futuro, locando JANAÍNA E A CHUVA no início do século XXII.

Como fui capaz? Não fiz nada demais... apenas deixei a imaginação fluir e construi as realidades como bem desejei.

Apenas como um cenário para as histórias de amor das minhas personagens.

Em meu futuro, não vejo um planeta destruído pelo aquecimento global ou chagado por trágicas guerras.

Mas, um mundo de céus azuis, campos verdejantes, praias de espumas carinhosas...

Cenários perfeitos para amores intensos e vidas em plenitude.

Um mundo possivel? Acho que sim...

Sou um otimista incorrigível.

Espero que, ao menos desta vez,

A Vida imite a Arte.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O Véu Diáfano que Adorna as Palavras

Sinto falta do tempo em que as metáforas eram entendidas.

A "literalidade" das coisas que eu tenho lido em livros e na internet... E tenho visto em filmes me choca e me cansa.

Uma dos momentos mais intensos desta "literalidade" se tornou um grande sucesso de público em nossos cinemas: Tropa de Elite. Não assisti o filme por uma opção filosófica, mas, pelo que me contaram o filme é admirado justamente por expor a realidade nua e crua da violência e do tráfico nas favelas cariocas e a atuação da dita Tropa de Elite em seu combate.

A Tropa de Elite colocou as pessoas como eu, românticas e sonhadoras, numa espécie de exílio cultural.

Mas eu me recuso! Me recuso a abraçar a moda e transformar uma leitura realista da vida em objeto do meu trabalho de escritor.

Janaína e a Chuva é um exemplo disso.

Como bombons delicadamente guardados em sua caixinha, embalei cada palavra do meu romance com o véu diáfano das metáforas amorosas que colhi nas sutilezas das almas das pessoas que eu gosto.

Véus coloridos que subvertem os sentidos, suavizam os contornos... inundam as palavras com gotas de sonho... e faz com que todas as coisas façam sentindo.

E que cada palavra tenha o sentido que desejar.

Como a beleza de uma mulher adornada com véus e cetins,

As palavras pedem licença ao olhar e aninham-se no colo dos leitores... Como se quisessem nutrir-se de novos significados e tocar algo profundo em seus corações...

As palavras são o esteio da vida.

Envoltas nestes véus, as palavras ganham contorno e presença... Significado e santidade.

E se você conseguiu alcançar a matéria prima destes Véus,

Saiba que, sem perceber,

Ao tocar a textura da palavras e sentir a suavidade de sua urdidura,

Você sentiu, na ponta dos seus dedos, o sabor da minha alma.