Sinto falta do tempo em que as metáforas eram entendidas.
A "literalidade" das coisas que eu tenho lido em livros e na internet... E tenho visto em filmes me choca e me cansa.
Uma dos momentos mais intensos desta "literalidade" se tornou um grande sucesso de público em nossos cinemas: Tropa de Elite. Não assisti o filme por uma opção filosófica, mas, pelo que me contaram o filme é admirado justamente por expor a realidade nua e crua da violência e do tráfico nas favelas cariocas e a atuação da dita Tropa de Elite em seu combate.
A Tropa de Elite colocou as pessoas como eu, românticas e sonhadoras, numa espécie de exílio cultural.
Mas eu me recuso! Me recuso a abraçar a moda e transformar uma leitura realista da vida em objeto do meu trabalho de escritor.
Janaína e a Chuva é um exemplo disso.
Como bombons delicadamente guardados em sua caixinha, embalei cada palavra do meu romance com o véu diáfano das metáforas amorosas que colhi nas sutilezas das almas das pessoas que eu gosto.
Véus coloridos que subvertem os sentidos, suavizam os contornos... inundam as palavras com gotas de sonho... e faz com que todas as coisas façam sentindo.
E que cada palavra tenha o sentido que desejar.
Como a beleza de uma mulher adornada com véus e cetins,
As palavras pedem licença ao olhar e aninham-se no colo dos leitores... Como se quisessem nutrir-se de novos significados e tocar algo profundo em seus corações...
As palavras são o esteio da vida.
Envoltas nestes véus, as palavras ganham contorno e presença... Significado e santidade.
E se você conseguiu alcançar a matéria prima destes Véus,
Saiba que, sem perceber,
Ao tocar a textura da palavras e sentir a suavidade de sua urdidura,
Você sentiu, na ponta dos seus dedos, o sabor da minha alma.
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