segunda-feira, 30 de julho de 2007

Criando mundos dentro de si

Raramente me arrependo de escrever uma frase. O gesto de escrever redunda num prazer tão indescritível que é irrelevante procurar sentido em algumas palavras.

Morro de medo de revisores. Sou distraído demais para ficar atento aos pequenos detalhes que se espremem entre as letras que esqueço de digitar.

Me delicio especialmente ao falar do amor: Algo tão inesperado nos dias de hoje, onde alguns escritores adotaram a moral torta deste começo de século. É muito mais sedutor escrever sobre guerras, atentados ou sobre o Afeganistão (uma pequena digressão: Qual é o motivo, afinal, de tantos livros sobre o Afeganistão figurarem entre os mais vendidos? Quem souber, me explique).

Escrever sobre o amor é um exercício corajoso: Uma estrada tortuosa cheia de armadilhas da auto-ajuda, clichês quase sempre deliciosos, abismos das soluções fáceis e fórmulas batidas. É dificil falar de amor sem sentir aquele retrogosto de café requentado.

Se os meus leitores esperavam uma definição do amor, sinto decepcioná-los.

Tantos, muito melhores do que eu, já o definiram!

O meu jeito de amar é criando mundos dentro de mim.

Quando ao amor que vocês nutrem por alguém, encontrem as melhores palavras para significá-lo.

Afinal, esses mundos são seus.

domingo, 29 de julho de 2007

Sobre o Tempo

A ciência comprova: O tempo é elástico e relativo. Dura uma eternidade na cadeira do dentista e um lapso, ao lado da pessoa amada. O aparente fluir do rio do tempo, do passado para o futuro, nos ilude sobre a sua verdadeira natureza:

O tempo é um tecido, cujos fios entrelaçados são os nossos destinos. Onde cada gesto, cada escolha, nos leva a caminhos inesperados. Uma complexa rede de fatos, olhares e encontros que apelidamos de "acaso".

O tempo é uma das minhas matérias primas perferidas. Estou sendo mais cuidadoso agora para evitar uma expressão recorrente que corre o risco de se transformar num clichê: Subverter o tempo. Embaralhando a cronologia, eu me debruço sobre as minhas personagens, dando ao leitor a oportunidade de olhar o mundo de dentro para fora, sob a ótica de quem os viveu, misturando as almas dos leitores e personagens, como tintas numa aquarela.

Quando escolhi alocar a história de JANAÍNA E A CHUVA no ano de 2123, não pretendia escrever um livro de Ficção Científica. As tecnologias são meros adereços para as vivências das personagens, que fazem uso de ferramentas corriqueiras no século XXII e não as cultuam, como as personagens de livros do gênero.

Procuro sempre dar um viés humano aos adereços tecnológicos de cada época, do mesmo modo que nós, hoje, nos emocionamos ante um belo e-mail e achamos trivial e secundário a tecnologia que o fez chegar a nós.

Eis de volta a questão essencial do tempo e a conclusão que tiro é a mesma que a Bíblia tirou, no livro do Eclesiastes: Não há nada de novo embaixo do sol.

O tempo muda o cenário, mas as personagens são sempre as mesmas: homens e mulheres querendo a felicidade... E não há nada neste mundo que nos faça mais feliz do que o AMOR !

Ah, mas isto é assunto para outra postagem...

sábado, 28 de julho de 2007

Gênese - O processo de criação.

O processo de criação: De que ele é feito ? Quando escrevi Clepsidra, meu primeiro trabalho publicado, muitas outras histórias já haviam sido inventadas e desinventadas no turbilhão da minha imaginação. Elas emergem e submergem lépidas, sem aviso e sem hora. Algumas delas são tão promissoras e acontecem em horas tão inusitadas que preciso acordar, parar de dirigir, deixar alguém falando sozinho... e tomá-las em minhas mãos como um menino que persegue uma pipa rodopiando no ar... antes que ela caia no mar.
Não uso blocos ou cadernetas. Apenas registro em algum lugar da memória que eu tenha certeza de que não se apagará. Enquanto isso o turbilhão incessante continua a revirar fragmentos de idéias em minha cabeça, conectando-se... emergindo... desconectando-se... submergindo... no inconsciente.
Não pretendo escrever o primeiro texto deste blog como um objetivo literário ou de marketing. Não quero revisá-lo! Quero que ele flua sem limites... sem gramática... como uma fotografia do meu coração.
As histórias que escrevo e escreverei serão sempre assim: Uma corajosa libertação da maior potência que o ser humano possui dentro de si. A sua imaginação.
E convido a todos que lerem esta primeira postagem, que a liberte! Libertem a sua imaginação das amarras do dia a dia... Da pressa que cauteriza nossa consciência... Dos paradigmas e prisões de nossos próprios conceitos!

Fugir do óbvio.

Sermos gente, de novo.