Gosto de contar histórias.
As pessoas e suas histórias são fascinantes. Não há nada mais delicioso do que tentar entender o emaranhado de influências que levam as pessoas a serem o que são, a fazerem o que fazem. As pessoas são uma riqueza.
Contar histórias exige uma certa habilidade em construir a narrativa das ações e, confesso, sou péssimo nisto. Prefiro contar as histórias sob uma outra perspectiva: A lenta digestão dos fatos e suas conseqüências na alma das minhas personagens.
Em Janaína e a Chuva, o fato crucial do romance é a violência sexual que Janaína sofre. Um fato tão chocante, dentro de um romance de amor, jamais poderia ser contado em um ponto de vista meramente jornalístico, com uma narrativa objetiva e clara. Preferi contá-lo através das farpas de dor que a violência deixou na alma de todos os envolvidos. Fabrízio e Janaína mostram visões diferentes e complementares para o mesmo momento.
E como os olhares são sempre subjetivos, as personagem sempre roubam de mim o direito de construir a narrativa do modo que eles querem.
E é nesse ponto que a poesia me seduz.
Os parágrafos vão se fragmentando e escorrendo pelas páginas, até transformarem-se em gotas de poesia, numa transição de estilos que não consigo me livrar.
Por favor, perdoem-me por isto.
Mas é na poesia que os fatos triviais se tornam grandiosos,
e a experiência humana, veste-se de divino.
Não me arrependo de contar minhas histórias assim.
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