Quero voltar à questão da "literalidade" que já abordei.
Sinto falta dos momentos em que meus dedos eram dez loucos entregues às delícias de roçar o teclado e gerar palavras assimétricas, versos tortos e frases que flertavam com a incorreção estigmatizada pela ortodoxia gramatical.
Desde a publicação de JANAÍNA E A CHUVA e suas intermináveis revisões ( fiz dezoito delas) que vivo a seqüela de filtrar e reescrever tudo que nasce das minhas mãos.
Lembro-me da loucura de publicar CLEPSIDRA - CONTOS DO AMOR E DO TEMPO quase sem revisões, repleto de deslizes que muitos nem notaram, mas inteiramente fiel às intenções desenfreadas dos meus "dez loucos".
Há algo de transgressão na minha antiga despreocupação com a pureza de estilos ou mesmo na froteira artificial que criamos entre a prosa e a poesia.
Quando o recôntido estreito da gramática e da ortografia ( belo idioma é o grego que nos deu de presente prefixos tão eloqüentes) me capturou na justificável necessidade de "purificar" o texto de JANAÍNA E A CHUVA antes de expor o meu romance aos olhos do público.
Na verdade, meu maior sonho é abrir as páginas da Veja ou qualquer outra revista semanal e ler algum crítico execrando meu romance....
... quase consigo ler a sua indiginação diante de um "romance de amor com um final feliz".
Pobre mal amado.
Não pretendo ser o melhor escritor do mundo, muito menos ganhar o Nobel ou um assento na Academia Brasileira de Letras.
Meu único desejo é derrotar a certeza ortográfica,
Liberar a imaginação das amarras gramaticais,
Errar... Errar muito...
Errar despudoradamente....
Errar com prazer e emoção de quem não quer mais domar os "dez loucos"!
E, livre do ruido dos olhos atentos ao erro,
Reencontrar a Poesia Indispensável da vida,
E escrever Laetitia em paz.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Encanto pelo Futuro
Um fato notável tem acontecido neste início de século.
Estamos vivendo uma época de nostalgia de um passado que parece muito mais promissor do que o futuro.
A minha tese é que o 11 de setembro e o medo das conseqüências do aquecimento global mataram o futuro.
Lembro da minha infância e adolescência em frente à TV, fascinado com as aventuras futurísticas de Starwars e de 2001, Uma Odisséia no Espaço, imaginando um futuro de carros voadores, naves cruzando as galáxias e a monotonia dos trajes prateados.
2001, já passou...
2010, está chegando...
Lamentavelmente, ainda não temos naves cruzando o espaço: temos um mundo ainda chocado como a capacidade destrutiva humana, revelada na queda das Torres Gêmeas e assombrado com a perspectiva cada vez mais palpável de uma mudança climática irreversível.
Antes, tinha sonhos com o futuro.
Hoje, preocupo-me com ele....
Mas não cesso de SONHAR!
Muitos dos meus leitores elogiam a minha capacidade de antever o futuro, locando JANAÍNA E A CHUVA no início do século XXII.
Como fui capaz? Não fiz nada demais... apenas deixei a imaginação fluir e construi as realidades como bem desejei.
Apenas como um cenário para as histórias de amor das minhas personagens.
Em meu futuro, não vejo um planeta destruído pelo aquecimento global ou chagado por trágicas guerras.
Mas, um mundo de céus azuis, campos verdejantes, praias de espumas carinhosas...
Cenários perfeitos para amores intensos e vidas em plenitude.
Um mundo possivel? Acho que sim...
Sou um otimista incorrigível.
Espero que, ao menos desta vez,
A Vida imite a Arte.
Estamos vivendo uma época de nostalgia de um passado que parece muito mais promissor do que o futuro.
A minha tese é que o 11 de setembro e o medo das conseqüências do aquecimento global mataram o futuro.
Lembro da minha infância e adolescência em frente à TV, fascinado com as aventuras futurísticas de Starwars e de 2001, Uma Odisséia no Espaço, imaginando um futuro de carros voadores, naves cruzando as galáxias e a monotonia dos trajes prateados.
2001, já passou...
2010, está chegando...
Lamentavelmente, ainda não temos naves cruzando o espaço: temos um mundo ainda chocado como a capacidade destrutiva humana, revelada na queda das Torres Gêmeas e assombrado com a perspectiva cada vez mais palpável de uma mudança climática irreversível.
Antes, tinha sonhos com o futuro.
Hoje, preocupo-me com ele....
Mas não cesso de SONHAR!
Muitos dos meus leitores elogiam a minha capacidade de antever o futuro, locando JANAÍNA E A CHUVA no início do século XXII.
Como fui capaz? Não fiz nada demais... apenas deixei a imaginação fluir e construi as realidades como bem desejei.
Apenas como um cenário para as histórias de amor das minhas personagens.
Em meu futuro, não vejo um planeta destruído pelo aquecimento global ou chagado por trágicas guerras.
Mas, um mundo de céus azuis, campos verdejantes, praias de espumas carinhosas...
Cenários perfeitos para amores intensos e vidas em plenitude.
Um mundo possivel? Acho que sim...
Sou um otimista incorrigível.
Espero que, ao menos desta vez,
A Vida imite a Arte.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
O Véu Diáfano que Adorna as Palavras
Sinto falta do tempo em que as metáforas eram entendidas.
A "literalidade" das coisas que eu tenho lido em livros e na internet... E tenho visto em filmes me choca e me cansa.
Uma dos momentos mais intensos desta "literalidade" se tornou um grande sucesso de público em nossos cinemas: Tropa de Elite. Não assisti o filme por uma opção filosófica, mas, pelo que me contaram o filme é admirado justamente por expor a realidade nua e crua da violência e do tráfico nas favelas cariocas e a atuação da dita Tropa de Elite em seu combate.
A Tropa de Elite colocou as pessoas como eu, românticas e sonhadoras, numa espécie de exílio cultural.
Mas eu me recuso! Me recuso a abraçar a moda e transformar uma leitura realista da vida em objeto do meu trabalho de escritor.
Janaína e a Chuva é um exemplo disso.
Como bombons delicadamente guardados em sua caixinha, embalei cada palavra do meu romance com o véu diáfano das metáforas amorosas que colhi nas sutilezas das almas das pessoas que eu gosto.
Véus coloridos que subvertem os sentidos, suavizam os contornos... inundam as palavras com gotas de sonho... e faz com que todas as coisas façam sentindo.
E que cada palavra tenha o sentido que desejar.
Como a beleza de uma mulher adornada com véus e cetins,
As palavras pedem licença ao olhar e aninham-se no colo dos leitores... Como se quisessem nutrir-se de novos significados e tocar algo profundo em seus corações...
As palavras são o esteio da vida.
Envoltas nestes véus, as palavras ganham contorno e presença... Significado e santidade.
E se você conseguiu alcançar a matéria prima destes Véus,
Saiba que, sem perceber,
Ao tocar a textura da palavras e sentir a suavidade de sua urdidura,
Você sentiu, na ponta dos seus dedos, o sabor da minha alma.
A "literalidade" das coisas que eu tenho lido em livros e na internet... E tenho visto em filmes me choca e me cansa.
Uma dos momentos mais intensos desta "literalidade" se tornou um grande sucesso de público em nossos cinemas: Tropa de Elite. Não assisti o filme por uma opção filosófica, mas, pelo que me contaram o filme é admirado justamente por expor a realidade nua e crua da violência e do tráfico nas favelas cariocas e a atuação da dita Tropa de Elite em seu combate.
A Tropa de Elite colocou as pessoas como eu, românticas e sonhadoras, numa espécie de exílio cultural.
Mas eu me recuso! Me recuso a abraçar a moda e transformar uma leitura realista da vida em objeto do meu trabalho de escritor.
Janaína e a Chuva é um exemplo disso.
Como bombons delicadamente guardados em sua caixinha, embalei cada palavra do meu romance com o véu diáfano das metáforas amorosas que colhi nas sutilezas das almas das pessoas que eu gosto.
Véus coloridos que subvertem os sentidos, suavizam os contornos... inundam as palavras com gotas de sonho... e faz com que todas as coisas façam sentindo.
E que cada palavra tenha o sentido que desejar.
Como a beleza de uma mulher adornada com véus e cetins,
As palavras pedem licença ao olhar e aninham-se no colo dos leitores... Como se quisessem nutrir-se de novos significados e tocar algo profundo em seus corações...
As palavras são o esteio da vida.
Envoltas nestes véus, as palavras ganham contorno e presença... Significado e santidade.
E se você conseguiu alcançar a matéria prima destes Véus,
Saiba que, sem perceber,
Ao tocar a textura da palavras e sentir a suavidade de sua urdidura,
Você sentiu, na ponta dos seus dedos, o sabor da minha alma.
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quarta-feira, 3 de outubro de 2007
O Tédio da Onipotência
Todo escritor se sente um deus.
Não falo isto numa pretensão vã de ter algum dom especial ou porque escritores sejam melhores do que os outros mortais.
Apenas porque o escritor reveste-se de divindade quando cria mundos, gera vidas, suscita histórias e define destinos. Eis aí a nossa divindade.
Quando penso na solidão de Deus ( com D maíusculo) antes da criação, sempre imagino-o como um escritor a morder a ponta da pena e com os olhos voltados para o vazio pensando nas palavras que irá esculpir. E quando criou o mundo, penso que Ele quis um mundo perfeito, repleto de simetria, beleza, estabilidade e simplicidade.
Aí sobreveio em nosso Escritor um tédio insuportável, como alguém que escreve um livro sem personagens. Um livro cujo final já estava definido nas primeiras linhas de sua obra.
É o Tédio da Onipotência.
E Deus preferiu despir-se desta Onipotência plena para criar um ser capaz de decidir e fazer escolhas,
Um ser capaz de surpreendê-lo e arrancá-lo do tédio.
A Raça Humana
Infelizmente muitas destas supresas foram ruins. Mas houve uma bela surpresa que suplantou todas as más notícias conseguiu superar as mazelas que a liberdade humana gerou.
A surpresa do Amor.
Em 2003, Janaína e a Chuva estava emperrado. Foi quando eu decidi abrir mão da minha onipotência tediosa e entregar nas mãos de minhas personagens o destino da História.
E Laetitia assumiu esse papel com maestria e precisão.
Consegui terminar meu romance, recentemente lançado, em menos de seis meses.
Despi-me da onipotência,
Para cobrir-me com o manto da contemplação.
Não falo isto numa pretensão vã de ter algum dom especial ou porque escritores sejam melhores do que os outros mortais.
Apenas porque o escritor reveste-se de divindade quando cria mundos, gera vidas, suscita histórias e define destinos. Eis aí a nossa divindade.
Quando penso na solidão de Deus ( com D maíusculo) antes da criação, sempre imagino-o como um escritor a morder a ponta da pena e com os olhos voltados para o vazio pensando nas palavras que irá esculpir. E quando criou o mundo, penso que Ele quis um mundo perfeito, repleto de simetria, beleza, estabilidade e simplicidade.
Aí sobreveio em nosso Escritor um tédio insuportável, como alguém que escreve um livro sem personagens. Um livro cujo final já estava definido nas primeiras linhas de sua obra.
É o Tédio da Onipotência.
E Deus preferiu despir-se desta Onipotência plena para criar um ser capaz de decidir e fazer escolhas,
Um ser capaz de surpreendê-lo e arrancá-lo do tédio.
A Raça Humana
Infelizmente muitas destas supresas foram ruins. Mas houve uma bela surpresa que suplantou todas as más notícias conseguiu superar as mazelas que a liberdade humana gerou.
A surpresa do Amor.
Em 2003, Janaína e a Chuva estava emperrado. Foi quando eu decidi abrir mão da minha onipotência tediosa e entregar nas mãos de minhas personagens o destino da História.
E Laetitia assumiu esse papel com maestria e precisão.
Consegui terminar meu romance, recentemente lançado, em menos de seis meses.
Despi-me da onipotência,
Para cobrir-me com o manto da contemplação.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Imersão e Encanto
Tenho um coração que se emociona com coisas triviais.
Durante esta semana, estava realizando um trabalho na Cidade de Senhor do Bonfim, no interior da Bahia. Me hospedei no hotel que considero a minha casa naquela cidade: Novo Leste, um belo hotel, por sinal, muito confortável e de bom gosto.
Uma das coisas que mais gosto no Novo Leste é o seu café da manhã. E em uma destas manhãs sonolentas, aconteceu um fato inusitado:
Ao chegar ao restaurante para me servir, notei uma bela morena sentada próximo à TV, coisa rara num hotel normalmente frequentado por homens. Percebi imediatamente o desconforto da moça nos poucos segundos que olhei para ela: Todos os homens, em sua maioria senhores de meia idade como eu, a olhavam com mais apetite do que para as iguarias do café da manhã.
Confesso que olhei para ela, sou um heterossexual assumido, mas não resisti em observar o modo como eles a olhavam: Nunca o sentido da expressão "comer com os olhos" se aproximou tanto do literal.
Percebendo a situação, evitei olhar para ela outra vez. Um misto de respeito e indignação se apoderou de mim. Poderia até ser uma indignação desenecessária, já que eles não fizeram nada demais, mas a minha excessiva sensibilidade me leva aos exageros.
Mas, quando notei que ela terminara o café e saira correndo do restaurante, sem deixar de me dar um olhar eivado de insegurança e desconcerto, imediatamente me senti no lugar dela. Com certeza, sendo mulher, não me sentiria bem sendo devorado pelos olhos sequisos do sexo oposto.
São experiencias de desconcerto como estas vividas pela moça do café da manhã que me levaram a construir Janaína. Colhi na feminilidade elementos de candura e fragilidade, amalgamados com uma extrema beleza física, para compor esta personagem.
Expondo-se à sanha pseudo-sedutora de Jean,o ex-namorado de sua irmã, Janaína foi vítima da maior humilhação que uma mulher pode sofrer: O Estupro.
Quando tive a idéia de expor uma personagem tão linda e frágil a um momento tão violento, quis constrastar forças aparentemente irreconciliáveis: O desejo muito mal contido que deseperta nos homens (inclusive eu) ao ver uma mulher interessante e a intensidade dos sentimentos de uma mulher que, muitas vezes, nem sabe que é tão bonita.
Daí vem um processo de imersão profunda na dita "alma feminina", indispensável na construção de belezas tão grandes... tão intensas que, algumas vezes, minam pela pele e se expõe aos olhos masculinos, tão míopes aos detalhes.
Eis o momento crucial: Optei em descrever o momento exato em que Janaína sofria tal violência... sob o ponto de vista dela.
Ao terminar o texto... Chorei.
Janaína precisava ser amada, depois de tanto sofrimento.
Depois deste momento, levei dois anos sem colocar uma letra sequer em Janaína e a Chuva
Imersão e Encanto...
Com mais intensidade, precisei colocar o meu olhar na alma das mulheres.
Só assim consegui concluir o meu Romance.
Durante esta semana, estava realizando um trabalho na Cidade de Senhor do Bonfim, no interior da Bahia. Me hospedei no hotel que considero a minha casa naquela cidade: Novo Leste, um belo hotel, por sinal, muito confortável e de bom gosto.
Uma das coisas que mais gosto no Novo Leste é o seu café da manhã. E em uma destas manhãs sonolentas, aconteceu um fato inusitado:
Ao chegar ao restaurante para me servir, notei uma bela morena sentada próximo à TV, coisa rara num hotel normalmente frequentado por homens. Percebi imediatamente o desconforto da moça nos poucos segundos que olhei para ela: Todos os homens, em sua maioria senhores de meia idade como eu, a olhavam com mais apetite do que para as iguarias do café da manhã.
Confesso que olhei para ela, sou um heterossexual assumido, mas não resisti em observar o modo como eles a olhavam: Nunca o sentido da expressão "comer com os olhos" se aproximou tanto do literal.
Percebendo a situação, evitei olhar para ela outra vez. Um misto de respeito e indignação se apoderou de mim. Poderia até ser uma indignação desenecessária, já que eles não fizeram nada demais, mas a minha excessiva sensibilidade me leva aos exageros.
Mas, quando notei que ela terminara o café e saira correndo do restaurante, sem deixar de me dar um olhar eivado de insegurança e desconcerto, imediatamente me senti no lugar dela. Com certeza, sendo mulher, não me sentiria bem sendo devorado pelos olhos sequisos do sexo oposto.
São experiencias de desconcerto como estas vividas pela moça do café da manhã que me levaram a construir Janaína. Colhi na feminilidade elementos de candura e fragilidade, amalgamados com uma extrema beleza física, para compor esta personagem.
Expondo-se à sanha pseudo-sedutora de Jean,o ex-namorado de sua irmã, Janaína foi vítima da maior humilhação que uma mulher pode sofrer: O Estupro.
Quando tive a idéia de expor uma personagem tão linda e frágil a um momento tão violento, quis constrastar forças aparentemente irreconciliáveis: O desejo muito mal contido que deseperta nos homens (inclusive eu) ao ver uma mulher interessante e a intensidade dos sentimentos de uma mulher que, muitas vezes, nem sabe que é tão bonita.
Daí vem um processo de imersão profunda na dita "alma feminina", indispensável na construção de belezas tão grandes... tão intensas que, algumas vezes, minam pela pele e se expõe aos olhos masculinos, tão míopes aos detalhes.
Eis o momento crucial: Optei em descrever o momento exato em que Janaína sofria tal violência... sob o ponto de vista dela.
Ao terminar o texto... Chorei.
Janaína precisava ser amada, depois de tanto sofrimento.
Depois deste momento, levei dois anos sem colocar uma letra sequer em Janaína e a Chuva
Imersão e Encanto...
Com mais intensidade, precisei colocar o meu olhar na alma das mulheres.
Só assim consegui concluir o meu Romance.
sexta-feira, 24 de agosto de 2007
Caixinhas Delicadas
Complicaram o Amor.
Hoje, as pessoas esticam sobre si a pele impermeável da desconfiança... Uma couraça de defesas que as impedem de abrirem-se ao Amor.
Ah, Palavra cantada... decantada, mal cantada... desencantada... que é o Amor.
Não me surpreendo que o amor esteja morrendo de inanição: As pessoas andam superficiais demais... desatentas demais... Submergiram na montanha de inutilitários que a tecnologia as ofereceu... Ocupadas demais em apressarem-se para prestar atenção em uma coisa tão banal e irrelevante quanto elas mesmas.
Penso que as pessoas têm em seu coração uma infinidade de Caixinhas Delicadas, cada qual com uma forma, uma cor, uma chave e um tamanho. Em cada uma delas cabe apenas um sentimento: Amor, ódio, ternura, desejo, tesão, carência, enlevo, asco, medo, compaixão, premência, loucura, nojo e... e.... e... e..... encham as lacunas com os seus próprios sentimentos.
Sentimentos são entes puros demais para dividir espaço com outras emoções, em nossas Caixinhas Delicadas.
Em Janaína e a Chuva, meu Romance, Deborah vive o drama de não encontrar o homem que preencha as suas Caixinhas. Fausto e Fabrízio completam universos diferentes em sua feminilidade complexa e sutil. Mas muitas caixinhas permanecem vazias até últimos momentos da História.
Mas não se preocupem, Deborah será amada.
Ah, quase ia me esquecendo: Estas Caixinhas mudam de tamanho ao longo de nossas vidas... o que nos mexe hoje... amanhã nos causa tédio.
Eis mais um componente quase inacessível aos que apenas arranham a superficie das almas, nos amores vividos na correria dos nossos dias.
Amem ! Amem a mulher ou o homem que vocês escolheram... Há riquezas neste ser amado que nem mil vidas seriam suficientes para decifrar.
Amem! E ocupem as Caixinhas Delicadas do coração de quem você ama... Transforme o seu amor no dia a dia...
Faça-o e Refaça-o a cada manhã.
Pois quem te ama, ao abrir os olhos e sorrir para você,
Será outro... Bem diferente do ser que desmanchou-se de amor nos seus beijos de ontem... e adormeceu em seus braços.
Você fez alguém esquecer-se mundo, por sua causa.
Se acontecer isso, sorria também.
Pois você está amando.
Hoje, as pessoas esticam sobre si a pele impermeável da desconfiança... Uma couraça de defesas que as impedem de abrirem-se ao Amor.
Ah, Palavra cantada... decantada, mal cantada... desencantada... que é o Amor.
Não me surpreendo que o amor esteja morrendo de inanição: As pessoas andam superficiais demais... desatentas demais... Submergiram na montanha de inutilitários que a tecnologia as ofereceu... Ocupadas demais em apressarem-se para prestar atenção em uma coisa tão banal e irrelevante quanto elas mesmas.
Penso que as pessoas têm em seu coração uma infinidade de Caixinhas Delicadas, cada qual com uma forma, uma cor, uma chave e um tamanho. Em cada uma delas cabe apenas um sentimento: Amor, ódio, ternura, desejo, tesão, carência, enlevo, asco, medo, compaixão, premência, loucura, nojo e... e.... e... e..... encham as lacunas com os seus próprios sentimentos.
Sentimentos são entes puros demais para dividir espaço com outras emoções, em nossas Caixinhas Delicadas.
Em Janaína e a Chuva, meu Romance, Deborah vive o drama de não encontrar o homem que preencha as suas Caixinhas. Fausto e Fabrízio completam universos diferentes em sua feminilidade complexa e sutil. Mas muitas caixinhas permanecem vazias até últimos momentos da História.
Mas não se preocupem, Deborah será amada.
Ah, quase ia me esquecendo: Estas Caixinhas mudam de tamanho ao longo de nossas vidas... o que nos mexe hoje... amanhã nos causa tédio.
Eis mais um componente quase inacessível aos que apenas arranham a superficie das almas, nos amores vividos na correria dos nossos dias.
Amem ! Amem a mulher ou o homem que vocês escolheram... Há riquezas neste ser amado que nem mil vidas seriam suficientes para decifrar.
Amem! E ocupem as Caixinhas Delicadas do coração de quem você ama... Transforme o seu amor no dia a dia...
Faça-o e Refaça-o a cada manhã.
Pois quem te ama, ao abrir os olhos e sorrir para você,
Será outro... Bem diferente do ser que desmanchou-se de amor nos seus beijos de ontem... e adormeceu em seus braços.
Você fez alguém esquecer-se mundo, por sua causa.
Se acontecer isso, sorria também.
Pois você está amando.
sábado, 18 de agosto de 2007
Os Exotismos do Amor
Em 1983, em uma bela tarde de fim de adolescência no Shopping Iguatemi, entrei na loja de discos (de vinil) das Megastore Sandiz .
Com o olhar perdido entre a beleza das meninas de classe média que esvoaçavam na seção de discos de rock e a pouca variedade de discos de música erudita que eu vasculhava, encontrei um amontoado de discos separados em uma seção que não me recordo o nome, mas bem que poderia se chamar "discos feitos para não serem vendidos"
Num futuro próximo, esta tal seção ganharia o apelido infame de "New Age".
No meio de discos de músicos indianos com nomes impronunciáveis, encontrei uma obra prima: "Private Collection", do músico grego Vangelis Papatanassiou e do ex vocalista do YES, Jon Anderson, ainda desconhecidos para mim.
Fiquei curioso. Mas era impossível ouvir discos de vinil sem comprá-los, pois era o único exemplar a venda. Para os mais jovens, ouvir um disco de vinil sem comprá-lo era um verdadeiro risco para a loja, diante da fragilidade da mídia.
Acabei comprando aquele que viria a ser o disco mais importante da minha vida.
Quando cheguei em minha casa, corri para o pick up para ouvir, quando a voz delicada e quase feminina de Jon Anderson entrou em meu coração... Para nunca mais sair.
A doçura melodiosa das texturas eletrônicas de Vangelis contrastava violentamente com o bate estaca pré techno do Kraftwerk, que eu costumava ouvir. Acabei ouvindo o disco seis vezes seguidas, com a caixa de som colada ao ouvindo, duante a madrugada.
Uma das músicas eu ouvi muito mais: 4 minutos e 54 segundos de transformação para mim, repetidos inúmeras vezes.
Neste dia, eu me transformei em um romântico.
O nome da música é Deborah.
Apesar de ser uma carta escrita para a filha de Jon ( Deborah Anderson), esta música acabou registrada em um lugar muito especial da minha alma:
A trilha sonora do amor da minha vida. Uma mulher que ainda não havia descoberto.
O primeiro exotismo do amor.
Ela me conheceu ouvindo Kraftwerk e, provavelmente, me rotulara de "o amigo maluco do meu quase namorado".
Meses depois.... Duas decepções amorosas depois... Me vejo ouvindo Deborah e olhando pela janela da minha casa, com a certeza absoluta que... Naquela noite de janeiro de 1984... Ela estaria olhando para a constelação de órion e, nas luzes de Bellatrix nossos olhares estariam entrelaçados.
Ouvindo Deborah... eu senti saudades dela.
Pela primeira vez.
E Deborah se transformara na trilha sonora da minha vida...
Meu coração estava cada vez mais entregue aos exotismos do amor.
Hoje, depois de oito anos de namoro e 15 anos de casamento, desperto pela manhã com o fone do meu MP3 desenhando Deborah em meu coração mais uma vez...
E os olhos cor de mel de Carla, entreabindo-se ante o meu carinho...
Me provam mais uma vez,
O quanto amar vale a pena.
Com o olhar perdido entre a beleza das meninas de classe média que esvoaçavam na seção de discos de rock e a pouca variedade de discos de música erudita que eu vasculhava, encontrei um amontoado de discos separados em uma seção que não me recordo o nome, mas bem que poderia se chamar "discos feitos para não serem vendidos"
Num futuro próximo, esta tal seção ganharia o apelido infame de "New Age".
No meio de discos de músicos indianos com nomes impronunciáveis, encontrei uma obra prima: "Private Collection", do músico grego Vangelis Papatanassiou e do ex vocalista do YES, Jon Anderson, ainda desconhecidos para mim.
Fiquei curioso. Mas era impossível ouvir discos de vinil sem comprá-los, pois era o único exemplar a venda. Para os mais jovens, ouvir um disco de vinil sem comprá-lo era um verdadeiro risco para a loja, diante da fragilidade da mídia.
Acabei comprando aquele que viria a ser o disco mais importante da minha vida.
Quando cheguei em minha casa, corri para o pick up para ouvir, quando a voz delicada e quase feminina de Jon Anderson entrou em meu coração... Para nunca mais sair.
A doçura melodiosa das texturas eletrônicas de Vangelis contrastava violentamente com o bate estaca pré techno do Kraftwerk, que eu costumava ouvir. Acabei ouvindo o disco seis vezes seguidas, com a caixa de som colada ao ouvindo, duante a madrugada.
Uma das músicas eu ouvi muito mais: 4 minutos e 54 segundos de transformação para mim, repetidos inúmeras vezes.
Neste dia, eu me transformei em um romântico.
O nome da música é Deborah.
Apesar de ser uma carta escrita para a filha de Jon ( Deborah Anderson), esta música acabou registrada em um lugar muito especial da minha alma:
A trilha sonora do amor da minha vida. Uma mulher que ainda não havia descoberto.
O primeiro exotismo do amor.
Ela me conheceu ouvindo Kraftwerk e, provavelmente, me rotulara de "o amigo maluco do meu quase namorado".
Meses depois.... Duas decepções amorosas depois... Me vejo ouvindo Deborah e olhando pela janela da minha casa, com a certeza absoluta que... Naquela noite de janeiro de 1984... Ela estaria olhando para a constelação de órion e, nas luzes de Bellatrix nossos olhares estariam entrelaçados.
Ouvindo Deborah... eu senti saudades dela.
Pela primeira vez.
E Deborah se transformara na trilha sonora da minha vida...
Meu coração estava cada vez mais entregue aos exotismos do amor.
Hoje, depois de oito anos de namoro e 15 anos de casamento, desperto pela manhã com o fone do meu MP3 desenhando Deborah em meu coração mais uma vez...
E os olhos cor de mel de Carla, entreabindo-se ante o meu carinho...
Me provam mais uma vez,
O quanto amar vale a pena.
sábado, 11 de agosto de 2007
Um Saboroso Mistério
Um coração em transe. Uma alma permanentemente aberta e atenta. Um sentimento de força e fragilidade que é incompreensível aos homens.
Simplemente não somos capazes de alcançar a arquitetura sutil e complexa do coração feminino.
Confesso que não canso de tentar alcançar o saboroso mistério do coração das mulheres.
Gosto de admirá-las e ouvi-las. Elas são um precioso manancial de inspiração na composição de minhas personagens. As mulheres que criei em minha histórias são uma coletânea de luzes, detalhes, sorrisos, hábitos, sensibilidades e uma infinita coleção de aspectos que encontrei em minha esposa, em minhas amigas e nos olhares e sorrisos perdidos que encontro no dia a dia.
Vejamos um exemplo: Genevieve. Inspirei-me em uma amiga gaúcha para compor alguns elementos da personalidade desta mulher tão forte, que protagoniza CLEPSIDRA e que forneceu elementos fundamentais na construção da narrativa de JANAÍNA E A CHUVA.
Lembro-me que, quando ofereci os originais à minha amiga gaúcha, ela se chocou com a suposta vilania de Genevieve, quando, na verdade, ela apenas era uma mulher capaz de fazer tudo por um amor.
Como muitas outras mulheres o são.
Quase perdi um amiga por causa disso.
Aprendi e treinei no meu coração esta intensidade que elas possuem e a emulei, aproveitando o que há de melhor nas minhas vivências de homem.
Um Saboroso Mistério. Aprendi com esta lição de Genevieve: Não subestimaria nunca mais a capacidade que as mulheres possuem de percerber sutilezas que escapam aos nossos olhos masculinos.
E das lições desta experiência, eu construi Deborah, uma das minhas personagens favoritas.
Falarei sobre Deborah em outra ocasião.
Simplemente não somos capazes de alcançar a arquitetura sutil e complexa do coração feminino.
Confesso que não canso de tentar alcançar o saboroso mistério do coração das mulheres.
Gosto de admirá-las e ouvi-las. Elas são um precioso manancial de inspiração na composição de minhas personagens. As mulheres que criei em minha histórias são uma coletânea de luzes, detalhes, sorrisos, hábitos, sensibilidades e uma infinita coleção de aspectos que encontrei em minha esposa, em minhas amigas e nos olhares e sorrisos perdidos que encontro no dia a dia.
Vejamos um exemplo: Genevieve. Inspirei-me em uma amiga gaúcha para compor alguns elementos da personalidade desta mulher tão forte, que protagoniza CLEPSIDRA e que forneceu elementos fundamentais na construção da narrativa de JANAÍNA E A CHUVA.
Lembro-me que, quando ofereci os originais à minha amiga gaúcha, ela se chocou com a suposta vilania de Genevieve, quando, na verdade, ela apenas era uma mulher capaz de fazer tudo por um amor.
Como muitas outras mulheres o são.
Quase perdi um amiga por causa disso.
Aprendi e treinei no meu coração esta intensidade que elas possuem e a emulei, aproveitando o que há de melhor nas minhas vivências de homem.
Um Saboroso Mistério. Aprendi com esta lição de Genevieve: Não subestimaria nunca mais a capacidade que as mulheres possuem de percerber sutilezas que escapam aos nossos olhos masculinos.
E das lições desta experiência, eu construi Deborah, uma das minhas personagens favoritas.
Falarei sobre Deborah em outra ocasião.
domingo, 5 de agosto de 2007
Prosa e Poesia
Gosto de contar histórias.
As pessoas e suas histórias são fascinantes. Não há nada mais delicioso do que tentar entender o emaranhado de influências que levam as pessoas a serem o que são, a fazerem o que fazem. As pessoas são uma riqueza.
Contar histórias exige uma certa habilidade em construir a narrativa das ações e, confesso, sou péssimo nisto. Prefiro contar as histórias sob uma outra perspectiva: A lenta digestão dos fatos e suas conseqüências na alma das minhas personagens.
Em Janaína e a Chuva, o fato crucial do romance é a violência sexual que Janaína sofre. Um fato tão chocante, dentro de um romance de amor, jamais poderia ser contado em um ponto de vista meramente jornalístico, com uma narrativa objetiva e clara. Preferi contá-lo através das farpas de dor que a violência deixou na alma de todos os envolvidos. Fabrízio e Janaína mostram visões diferentes e complementares para o mesmo momento.
E como os olhares são sempre subjetivos, as personagem sempre roubam de mim o direito de construir a narrativa do modo que eles querem.
E é nesse ponto que a poesia me seduz.
Os parágrafos vão se fragmentando e escorrendo pelas páginas, até transformarem-se em gotas de poesia, numa transição de estilos que não consigo me livrar.
Por favor, perdoem-me por isto.
Mas é na poesia que os fatos triviais se tornam grandiosos,
e a experiência humana, veste-se de divino.
Não me arrependo de contar minhas histórias assim.
As pessoas e suas histórias são fascinantes. Não há nada mais delicioso do que tentar entender o emaranhado de influências que levam as pessoas a serem o que são, a fazerem o que fazem. As pessoas são uma riqueza.
Contar histórias exige uma certa habilidade em construir a narrativa das ações e, confesso, sou péssimo nisto. Prefiro contar as histórias sob uma outra perspectiva: A lenta digestão dos fatos e suas conseqüências na alma das minhas personagens.
Em Janaína e a Chuva, o fato crucial do romance é a violência sexual que Janaína sofre. Um fato tão chocante, dentro de um romance de amor, jamais poderia ser contado em um ponto de vista meramente jornalístico, com uma narrativa objetiva e clara. Preferi contá-lo através das farpas de dor que a violência deixou na alma de todos os envolvidos. Fabrízio e Janaína mostram visões diferentes e complementares para o mesmo momento.
E como os olhares são sempre subjetivos, as personagem sempre roubam de mim o direito de construir a narrativa do modo que eles querem.
E é nesse ponto que a poesia me seduz.
Os parágrafos vão se fragmentando e escorrendo pelas páginas, até transformarem-se em gotas de poesia, numa transição de estilos que não consigo me livrar.
Por favor, perdoem-me por isto.
Mas é na poesia que os fatos triviais se tornam grandiosos,
e a experiência humana, veste-se de divino.
Não me arrependo de contar minhas histórias assim.
sábado, 4 de agosto de 2007
A Realidade é uma Escolha
Um dos filmes que considero indispensáveis é Matrix. Para quem não conhece a história, eis um resumo: Após uma guerra devastadora entre a raça humana e máquinas dotadas de inteligência superior, os humanos são subjulgados e transformados em fonte energética, coletada atráves de conexões metálicas que perfuram todo o corpo e sugam a energia provinda do sistema nervoso.
Para tornar o sistema "mais eficiente", as máquinas criaram uma realidade interativa global(A Matrix) , em que as pessoas plugadas interagem, nascem, amam, morrem, numa simulação da realidade tão sofisticada que as pessoas nem notam que são escravas.
Delírio? Talvez... A história tem uma forte conexão com a alegoria da caverna de Platão e nos desperta para uma questão aparentemente banal:
O que é a realidade?
Sinto dizer aos meus leitores: Em menor ou maior extensão, a imposição de uma realidade às pessoas, pelos detentores do poder está ai.... E é a forma mais sofisticada de dominação.
Na mídia, nos governos de todos os matizes ideológicos, escondidas sutilmente na entrelinhas de livros didáticos e de revistas semanais e, o que é mais grave, na pandêmica sensação de desconfiança que domina a humanidade após os atentados de 11/09.
Esta insegurança global foi batizada pelo pensador estadunidense Noam Chomsky ( pasmem! Existem americanos que pensam!) com uma expressão genial:
O consenso imposto.
Eis o que vivemos: Um consenso imposto de que o ser humano é mau em sua essência... Que o garoto brincando na rua é um pivete que, a qualquer momento, irá nos atacar e nos roubar... As pessoas que pensam diferente... Oram diferente... São necessariamente ameaçadoras.
E que precisamos de líderes fortes para nos proteger, mesmo que isto custe a nossa própria liberdade.
Diante deste quadro, eu proponho uma revolução. Eis as armas:
Olhem para o garoto na sinaleira e vejam a criança que ele é...
Mulheres, olhem o homem que sorri para você não como alguém que está te assediando sexualmente, mas um pessoa que se encantou com o seu sorriso... Mesmo quando este sorriso está preso sob os lábios colados pela desconfinança.
Homens, Não olhem apenas para as belezas anatômicas das mulheres. Tentem ver como elas são mais encantadoras quando são vistas como gente.
Profissionais, derrubem as desconfianças: Mais da metade dos seus colegas são pessoas bem intencionadas... os que não são, vocês logo descobrirão!
Em resumo: Vamos escolher um mundo que pode ser belo e feliz, com pessoas abertas umas às outras.
E forjar a nossa realidade com as maravilhas que o mundo nos dá e que passam desapercebidas aos olhares mórbidos da mídia, que catam o que o mundo tem de pior para molhar nossas almas com estes medos que sugam a nossa energia, exatamente como na Matrix.
Afinal,
A Realidade é uma Escolha.
Para tornar o sistema "mais eficiente", as máquinas criaram uma realidade interativa global(A Matrix) , em que as pessoas plugadas interagem, nascem, amam, morrem, numa simulação da realidade tão sofisticada que as pessoas nem notam que são escravas.
Delírio? Talvez... A história tem uma forte conexão com a alegoria da caverna de Platão e nos desperta para uma questão aparentemente banal:
O que é a realidade?
Sinto dizer aos meus leitores: Em menor ou maior extensão, a imposição de uma realidade às pessoas, pelos detentores do poder está ai.... E é a forma mais sofisticada de dominação.
Na mídia, nos governos de todos os matizes ideológicos, escondidas sutilmente na entrelinhas de livros didáticos e de revistas semanais e, o que é mais grave, na pandêmica sensação de desconfiança que domina a humanidade após os atentados de 11/09.
Esta insegurança global foi batizada pelo pensador estadunidense Noam Chomsky ( pasmem! Existem americanos que pensam!) com uma expressão genial:
O consenso imposto.
Eis o que vivemos: Um consenso imposto de que o ser humano é mau em sua essência... Que o garoto brincando na rua é um pivete que, a qualquer momento, irá nos atacar e nos roubar... As pessoas que pensam diferente... Oram diferente... São necessariamente ameaçadoras.
E que precisamos de líderes fortes para nos proteger, mesmo que isto custe a nossa própria liberdade.
Diante deste quadro, eu proponho uma revolução. Eis as armas:
Olhem para o garoto na sinaleira e vejam a criança que ele é...
Mulheres, olhem o homem que sorri para você não como alguém que está te assediando sexualmente, mas um pessoa que se encantou com o seu sorriso... Mesmo quando este sorriso está preso sob os lábios colados pela desconfinança.
Homens, Não olhem apenas para as belezas anatômicas das mulheres. Tentem ver como elas são mais encantadoras quando são vistas como gente.
Profissionais, derrubem as desconfianças: Mais da metade dos seus colegas são pessoas bem intencionadas... os que não são, vocês logo descobrirão!
Em resumo: Vamos escolher um mundo que pode ser belo e feliz, com pessoas abertas umas às outras.
E forjar a nossa realidade com as maravilhas que o mundo nos dá e que passam desapercebidas aos olhares mórbidos da mídia, que catam o que o mundo tem de pior para molhar nossas almas com estes medos que sugam a nossa energia, exatamente como na Matrix.
Afinal,
A Realidade é uma Escolha.
quarta-feira, 1 de agosto de 2007
Por uma Nova Estética
Certa vez, fui pago para ler e resumir um livro de Nietzsche: "A origem da tragédia". Não se espantem! É inquietante saber que vivemos em um país em que pessoas são pagas para isso. Mas eu era um jovem estudante e, diga-se de passagem, sem grana.
Nada que irá manchar a minha biografia.
Confesso que o livro me surpreendeu: Nem tanto pela abordagem que Nietzsche deu ao tema da tragédia grega, mas pela sua magnífica leitura sobre a questão estética.
O que nos faz identificar algo como belo? Depende do ponto de vista, diria alguns. Mas há coisas no mundo que são unanimemente belas: pessoas, gestos, monumentos, paisagens... o que as faz possuir tal unanimidade?
Eu arrisco dizer: Tais coisas nos fazem felizes.
Um pensador da estatura de Nietzsche talvez não tivesse coragem de dizer esta heresia, mas eu tenho:
As coisas belas da vida são as que nos traz felicidade.
Imaginemos um filme com uma bela história de amor, simples e com um beijo ao som de violinos no final. Eis um final óbvio... Previsível.... De um filme qualquer, execrado pela crítica especializada que diria: "um insosso exemplar de um romantismo piegas".
Um filme com final previsível: Eis a conclusão.
Por mais óbvio que possa parecer, o final do nosso querido filme B é previsível... Porque é o que queremos para uma história de amor: Beijos, música e violinos no final.
Por isso, eu proponho uma Nova Estética para o século XXI:
Que seja belo tudo que nos faz feliz. Que as livrarias transbordem de livros com finais encantadores. Que tais letras possam moldar as almas dos que emergem da infância... Que estas crianças cresçam, fincando raizes na terra generosa da simplicidade... E achem o máximo fazer felizes as pessoas que as cercam.
Uma felicidade despudorada, cínica ante aos que a critiquem! Até que as vozes dissonantes da tristeza se calem e o mundo possa ser feliz em paz.
Estou cansado de finais infelizes.
O mundo, também.
Nada que irá manchar a minha biografia.
Confesso que o livro me surpreendeu: Nem tanto pela abordagem que Nietzsche deu ao tema da tragédia grega, mas pela sua magnífica leitura sobre a questão estética.
O que nos faz identificar algo como belo? Depende do ponto de vista, diria alguns. Mas há coisas no mundo que são unanimemente belas: pessoas, gestos, monumentos, paisagens... o que as faz possuir tal unanimidade?
Eu arrisco dizer: Tais coisas nos fazem felizes.
Um pensador da estatura de Nietzsche talvez não tivesse coragem de dizer esta heresia, mas eu tenho:
As coisas belas da vida são as que nos traz felicidade.
Imaginemos um filme com uma bela história de amor, simples e com um beijo ao som de violinos no final. Eis um final óbvio... Previsível.... De um filme qualquer, execrado pela crítica especializada que diria: "um insosso exemplar de um romantismo piegas".
Um filme com final previsível: Eis a conclusão.
Por mais óbvio que possa parecer, o final do nosso querido filme B é previsível... Porque é o que queremos para uma história de amor: Beijos, música e violinos no final.
Por isso, eu proponho uma Nova Estética para o século XXI:
Que seja belo tudo que nos faz feliz. Que as livrarias transbordem de livros com finais encantadores. Que tais letras possam moldar as almas dos que emergem da infância... Que estas crianças cresçam, fincando raizes na terra generosa da simplicidade... E achem o máximo fazer felizes as pessoas que as cercam.
Uma felicidade despudorada, cínica ante aos que a critiquem! Até que as vozes dissonantes da tristeza se calem e o mundo possa ser feliz em paz.
Estou cansado de finais infelizes.
O mundo, também.
segunda-feira, 30 de julho de 2007
Criando mundos dentro de si
Raramente me arrependo de escrever uma frase. O gesto de escrever redunda num prazer tão indescritível que é irrelevante procurar sentido em algumas palavras.
Morro de medo de revisores. Sou distraído demais para ficar atento aos pequenos detalhes que se espremem entre as letras que esqueço de digitar.
Me delicio especialmente ao falar do amor: Algo tão inesperado nos dias de hoje, onde alguns escritores adotaram a moral torta deste começo de século. É muito mais sedutor escrever sobre guerras, atentados ou sobre o Afeganistão (uma pequena digressão: Qual é o motivo, afinal, de tantos livros sobre o Afeganistão figurarem entre os mais vendidos? Quem souber, me explique).
Escrever sobre o amor é um exercício corajoso: Uma estrada tortuosa cheia de armadilhas da auto-ajuda, clichês quase sempre deliciosos, abismos das soluções fáceis e fórmulas batidas. É dificil falar de amor sem sentir aquele retrogosto de café requentado.
Se os meus leitores esperavam uma definição do amor, sinto decepcioná-los.
Tantos, muito melhores do que eu, já o definiram!
O meu jeito de amar é criando mundos dentro de mim.
Quando ao amor que vocês nutrem por alguém, encontrem as melhores palavras para significá-lo.
Afinal, esses mundos são seus.
Morro de medo de revisores. Sou distraído demais para ficar atento aos pequenos detalhes que se espremem entre as letras que esqueço de digitar.
Me delicio especialmente ao falar do amor: Algo tão inesperado nos dias de hoje, onde alguns escritores adotaram a moral torta deste começo de século. É muito mais sedutor escrever sobre guerras, atentados ou sobre o Afeganistão (uma pequena digressão: Qual é o motivo, afinal, de tantos livros sobre o Afeganistão figurarem entre os mais vendidos? Quem souber, me explique).
Escrever sobre o amor é um exercício corajoso: Uma estrada tortuosa cheia de armadilhas da auto-ajuda, clichês quase sempre deliciosos, abismos das soluções fáceis e fórmulas batidas. É dificil falar de amor sem sentir aquele retrogosto de café requentado.
Se os meus leitores esperavam uma definição do amor, sinto decepcioná-los.
Tantos, muito melhores do que eu, já o definiram!
O meu jeito de amar é criando mundos dentro de mim.
Quando ao amor que vocês nutrem por alguém, encontrem as melhores palavras para significá-lo.
Afinal, esses mundos são seus.
domingo, 29 de julho de 2007
Sobre o Tempo
A ciência comprova: O tempo é elástico e relativo. Dura uma eternidade na cadeira do dentista e um lapso, ao lado da pessoa amada. O aparente fluir do rio do tempo, do passado para o futuro, nos ilude sobre a sua verdadeira natureza:
O tempo é um tecido, cujos fios entrelaçados são os nossos destinos. Onde cada gesto, cada escolha, nos leva a caminhos inesperados. Uma complexa rede de fatos, olhares e encontros que apelidamos de "acaso".
O tempo é uma das minhas matérias primas perferidas. Estou sendo mais cuidadoso agora para evitar uma expressão recorrente que corre o risco de se transformar num clichê: Subverter o tempo. Embaralhando a cronologia, eu me debruço sobre as minhas personagens, dando ao leitor a oportunidade de olhar o mundo de dentro para fora, sob a ótica de quem os viveu, misturando as almas dos leitores e personagens, como tintas numa aquarela.
Quando escolhi alocar a história de JANAÍNA E A CHUVA no ano de 2123, não pretendia escrever um livro de Ficção Científica. As tecnologias são meros adereços para as vivências das personagens, que fazem uso de ferramentas corriqueiras no século XXII e não as cultuam, como as personagens de livros do gênero.
Procuro sempre dar um viés humano aos adereços tecnológicos de cada época, do mesmo modo que nós, hoje, nos emocionamos ante um belo e-mail e achamos trivial e secundário a tecnologia que o fez chegar a nós.
Eis de volta a questão essencial do tempo e a conclusão que tiro é a mesma que a Bíblia tirou, no livro do Eclesiastes: Não há nada de novo embaixo do sol.
O tempo muda o cenário, mas as personagens são sempre as mesmas: homens e mulheres querendo a felicidade... E não há nada neste mundo que nos faça mais feliz do que o AMOR !
Ah, mas isto é assunto para outra postagem...
O tempo é um tecido, cujos fios entrelaçados são os nossos destinos. Onde cada gesto, cada escolha, nos leva a caminhos inesperados. Uma complexa rede de fatos, olhares e encontros que apelidamos de "acaso".
O tempo é uma das minhas matérias primas perferidas. Estou sendo mais cuidadoso agora para evitar uma expressão recorrente que corre o risco de se transformar num clichê: Subverter o tempo. Embaralhando a cronologia, eu me debruço sobre as minhas personagens, dando ao leitor a oportunidade de olhar o mundo de dentro para fora, sob a ótica de quem os viveu, misturando as almas dos leitores e personagens, como tintas numa aquarela.
Quando escolhi alocar a história de JANAÍNA E A CHUVA no ano de 2123, não pretendia escrever um livro de Ficção Científica. As tecnologias são meros adereços para as vivências das personagens, que fazem uso de ferramentas corriqueiras no século XXII e não as cultuam, como as personagens de livros do gênero.
Procuro sempre dar um viés humano aos adereços tecnológicos de cada época, do mesmo modo que nós, hoje, nos emocionamos ante um belo e-mail e achamos trivial e secundário a tecnologia que o fez chegar a nós.
Eis de volta a questão essencial do tempo e a conclusão que tiro é a mesma que a Bíblia tirou, no livro do Eclesiastes: Não há nada de novo embaixo do sol.
O tempo muda o cenário, mas as personagens são sempre as mesmas: homens e mulheres querendo a felicidade... E não há nada neste mundo que nos faça mais feliz do que o AMOR !
Ah, mas isto é assunto para outra postagem...
sábado, 28 de julho de 2007
Gênese - O processo de criação.
O processo de criação: De que ele é feito ? Quando escrevi Clepsidra, meu primeiro trabalho publicado, muitas outras histórias já haviam sido inventadas e desinventadas no turbilhão da minha imaginação. Elas emergem e submergem lépidas, sem aviso e sem hora. Algumas delas são tão promissoras e acontecem em horas tão inusitadas que preciso acordar, parar de dirigir, deixar alguém falando sozinho... e tomá-las em minhas mãos como um menino que persegue uma pipa rodopiando no ar... antes que ela caia no mar.
Não uso blocos ou cadernetas. Apenas registro em algum lugar da memória que eu tenha certeza de que não se apagará. Enquanto isso o turbilhão incessante continua a revirar fragmentos de idéias em minha cabeça, conectando-se... emergindo... desconectando-se... submergindo... no inconsciente.
Não pretendo escrever o primeiro texto deste blog como um objetivo literário ou de marketing. Não quero revisá-lo! Quero que ele flua sem limites... sem gramática... como uma fotografia do meu coração.
As histórias que escrevo e escreverei serão sempre assim: Uma corajosa libertação da maior potência que o ser humano possui dentro de si. A sua imaginação.
E convido a todos que lerem esta primeira postagem, que a liberte! Libertem a sua imaginação das amarras do dia a dia... Da pressa que cauteriza nossa consciência... Dos paradigmas e prisões de nossos próprios conceitos!
Fugir do óbvio.
Sermos gente, de novo.
Não uso blocos ou cadernetas. Apenas registro em algum lugar da memória que eu tenha certeza de que não se apagará. Enquanto isso o turbilhão incessante continua a revirar fragmentos de idéias em minha cabeça, conectando-se... emergindo... desconectando-se... submergindo... no inconsciente.
Não pretendo escrever o primeiro texto deste blog como um objetivo literário ou de marketing. Não quero revisá-lo! Quero que ele flua sem limites... sem gramática... como uma fotografia do meu coração.
As histórias que escrevo e escreverei serão sempre assim: Uma corajosa libertação da maior potência que o ser humano possui dentro de si. A sua imaginação.
E convido a todos que lerem esta primeira postagem, que a liberte! Libertem a sua imaginação das amarras do dia a dia... Da pressa que cauteriza nossa consciência... Dos paradigmas e prisões de nossos próprios conceitos!
Fugir do óbvio.
Sermos gente, de novo.
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